Sonho 12 - Vagabundo

eu estava só, encostado na rua onde todos vão passar.

eu estava sentado, perdido em sonhos que nunca se irão realizar.
eu estava perdido, caindo num fundo sem poço, sem chão para me amparar.
eu estava caindo, piscando os olhos para não chorar.

eu não tinha roupa, tinha mantos de dor que ninguém se atreve a vestir.
eu fui usado, empurrado e deixado por corpos que todas as almas quereriam despir.
eu fui criado para nos fazer perceber os caminhos que não podemos seguir.

pic Hannatar

Sonho 11: Uma visão negra do AMOR

Neste tenho dúvidas se estaria a dormir


Eu vi as fases do AMOR, com as suas regras com os seus sentimentos, com a sua anarquia, sem ordem nem tempo.

Tudo começa na fase pré-AMOR, na fase em que controlamos a nossa existência, em que tudo é transparente, em que sabemos quem somos, quem sonhamos ser. Sabemos o que gostamos, sabemos o que aturamos... temos certezas do que não queremos e do que não vamos ser.
No meu imaginário chamei a esta fase VIDA, a fase inicial da nossa existência, a fase antes do AMOR.

E repente... vai-se. Às vezes o fim da VIDA é anunciado, sabemos que não o vamos evitar, vamo-nos preparando a pouco e pouco, até que queremos que aconteça, já não aguentamos mais.


A segunda fase é o PARAÍSO. Assim que a vida termina vamos directos para o PARAÍSO. Durante algum tempo esquecemo-nos da fase anterior, a felicidade enche-nos, é contagiante, viciante, extasiante, total. Acreditamos que vivemos para chegar aqui, para flutuar acima de todos. Somo profetas do PARAÍSO nessa altura, dizemos a quem nos ouve que sigam este caminho, que esperem, porque se forem dignos o PARAÍSO está à espera deles.

Mas PARAÍSO não apaga as nossas memórias. A pouco e pouco lembramo-nos de quem fomos, de quem somos, do que aceitamos, que queríamos, do que nunca estávamos dispostos a aceitar. Muitas vezes este sentimento é a gravidade que nos faz cair das nuvens, a pique.

Começamos a QUEDA. Caímos, deixamo-nos cair acreditando que não haveria outra forma, que só somos quem fomos, e que transformações não existem. Não conseguimos aceitar que mudar possa ser evoluir, e deixamo-nos cair.

Vamos directos ao INFERNO... a fase seguinte, que nos torna amargos, descrentes dos falsos profetas que um dia fomos e, sem sabermos, tornamo-nos profetas do INFERNO. "Amar é dor" dizemos, acreditamos nisso. "Não quero amar mais, a não que seja para sempre" porque queremos voltar ao PARAÍSO, mas não queremos ter de novo os nossos ossos esmigalhados pela QUEDA.

Lentamente vamos escavando a nossa salvação com esperança de voltar à VIDA.

Existiu no meu sonho uma outra fase. A Fase em que aceitamos sair do PARAÍSO devagar como que numa escada rolante entre o céu e o INFERNO. Uma fase de PURGATÓRIO, onde os amantes decidem aguardar, fazendo breves visitas ao céu. Eles acreditam que um dia poderão voltar ao Céu para ficar para sempre. Acreditam que na pior das hipóteses voltarão à VIDA e seguem o seu rumo. Eles fazem tudo para evitar o INFERNO... mesmo sacrificando o PARAÍSO eterno.